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Produtores de borracha vivem cenário desanimador em Gaúcha do Norte – MT

Preços baixos, custos altos e abandono de muitas áreas, este é o atual cenário da seringueira em Gaúcha do Norte – MT, cultura presente em cerca de 250 propriedades no município, que chegou a ocupar 2.800 hectares, destes, até 1.800 hectares com potencial produtivo.

O atual cenário é a nível nacional. “Essa situação da seringueira em Gaúcha do Norte é o mesmo presente em todo Brasil e vem se arrastando por sete, oito anos ou mais. O preço do quilo que chegou a R$ 4,20 despencou para R$ 1,70 em 60 dias, e pouca coisa vem mudando de lá para cá. Especialistas de mercado dizem que em 2022 é para ter uma melhoria nos preços perante estudo de procura e oferta, mas vamos ver o que acontece”, comentou o extensionista rural da EMPAER de Gaúcha do Norte, produtor de seringueira e presidente da AHEVEA-MT (Associação dos Heveicultores do Estado de Mato Grosso), Clodoaldo Maccari.

A AGR Notícias, o comprador de borracha há quinze anos em Gaúcha do Norte, Deivison Leandro Rupolo, apontou que as expectativas para o mercado não são boas. “O preço varia a cada 60 dias, está sendo praticado em R$ 2,40 o quilo e no final do mês a previsão é de queda”.

A mão de obra familiar está presente na maioria das propriedades em produção no município. “O que nós temos de diferencial é que boa parte de nosso seringal está nas mãos da agricultura familiar e assim não depende de mão de obra de terceiros. Porque, onde está dependendo de terceiros, ou o seringal já foi erradicado, ou abandonado, ou está se cogitando essa possibilidade {de abandono}”, pontuou Maccari.

Segundo dados da EMPAER, a produção mensal de borracha no município varia conforme o preço do produto. Em épocas de preços baixos pode estar entre 120 e 150 toneladas/mês, podendo chegar de 150 a 200 toneladas/mês em períodos com melhores preços. Já nos seringais, a produção varia muito de acordo com a tecnologia e tratamento utilizados. Implantação adequada com calagem, adubações anuais, reposição de calcário, além de uma boa sangria com mão de obra qualificada são essenciais tanto para o início da produção quanto para a longevidade do seringal.

Com renda menor comparada à época de auge da borracha, o produtor tem dificuldade para investir, a produtividade diminui, os problemas vão aumentando, o “secamento de painéis” começa a ser frequente, o que vai desanimando o produtor. “Existe uma discussão muito forte, que conta com a participação de produtores, de que se não for feito nada, a gente não sabe se daqui a dez anos vai ter seringueira no Brasil, isso é fato! Porque a cultura não tem se viabilizado. Temos potencial de área, temos mão de obra, mas não temos políticas públicas e investimento na cultura”, apontou Maccari.

Seringal em Gaúcha do Norte-MT

História da seringueira em Gaúcha do Norte

Nos anos de 1983 e 1984, Gaúcha do Norte foi contemplada com o PROBOR 3 e 4, um programa de incentivo à seringueira. Na época, o município recebeu 63 projetos de 3 hectares. “Posteriormente ao PROBOR, muitos produtores foram investindo em áreas particulares com mão de obra própria. O produtor aprendeu a enxertar, fazia a muda lá no campo mesmo e ai tivemos um novo plantio de áreas”, relembrou Maccari.

Os moradores mais antigos de “Gaúcha” reconhecem que a cultura foi ‘a salvação da economia da agricultura familiar’, pois, com as dificuldades da época era difícil vislumbrar outras culturas. 

De Gaúcha do Norte, para a AGRNoticias, Cely Trevisan.

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