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Canarana – Empaer quer inserir cultivo do algodão colorido em assentamento

Se uma lavoura de algodão branco impressiona pelo contraste, uma lavoura de algodão colorido impressiona pela cor marcante das plumas. A partir de um estudo da Empaer (Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural), com a parceria da Embrapa-Algodão e da empresa Meta Assessoria, a cultura deve ser inserida em um projeto de assentamento em Canarana – MT e trazer renda para produtores familiares.

A cultura do algodão, por si só, ainda é novidade no Médio Araguaia, sendo que seu cultivo está engatinhando. Contudo, frente aos resultados de produtividade alcançados na região (300@/ha na safra 18/19) e a construção da primeira algodoeira para beneficiamento da pluma no local, novas opções já são colocadas no horizonte e um ensaio do cultivo de quatro variedades de algodão colorido foi realizado neste ano na Fazenda Estância BM, em Canarana – MT, para verificar a viabilidade produtiva da cultura.

SAFRA 2020: Começa a colheita do algodão em Canarana

Na última quinta-feira (09/07) a colheita manual (para evitar o máximo de perdas possível) foi realizada nas áreas de ensaio das culturas e os resultados confirmaram as expectativas dos extensionistas da Empaer. A média de produtividade da pluma, entre as quatro variedades testadas, foi, conforme projeção a partir do resultados dos ensaios, de 150@/ha a 250@/ha, num sistema de 6 plantas/m² e espaçamento de linhas de 90cm.

Algodão Colorido Canarana 4

Variedade de algodão BRS Rubi.

O extensionista Gildomar Avrella, afirma, contudo, que a ideia é viabilizar a colheita mecanizada da cultura e, para isso, a ideia é alterar o espaçamento. “A Embrapa fala de 10 a 12 plantas nas condições de solo igual de onde o algodão estava, na Fazenda BM. {…} O ideal, num sistema mecanizado de colheita, o espaçamento também seria menor, entre 76 a 80cm”, diz.

No ensaio, que teve sementes fornecidas pela Embrapa-Algodão, embora tenha sido utilizada a colheita manual, todo o tratamento realizado nas plantas seguiu protocolo do algodão comum, que inclusive, foi cultivado em uma área ao lado pela Meta Assessoria. “Foi usado redutor de crescimento e alguns agroquímicos. Mas nós encaramos ela como uma lavoura comercial do branco. A mesma tecnologia, para chegarmos nesses resultados”, salienta o extensionista.

Foco na agricultura familiar

A Empaer em Canarana vem desenvolvendo um trabalho de inserção de culturas no modelo agroecológico para pequenos produtores em projetos de assentamentos. Em 2020, 13 famílias do PA Guatapará cultivaram 23 hectares de gergelim orgânico e a ideia, conforme afirma Gildomar, é que o algodão colorido também seja inserido na região, num modelo em que cada família de produtor plante até 2 hectares da pluma.

“O objetivo é diversificar. Com contratos de venda e certificação. {…} Este ensaio está servindo como verificação para que no ano que vem já se comece a trabalhar a cultura nos assentamentos para produtores familiares”, conta Avrella. No projeto, cada produtor familiar cultivaria até 5 hectares na sua propriedade, divididos entre as culturas de gergelim, algodão colorido, feijão e cártamo (ainda não testado), e a cada safra, as culturas vão sendo rotacionadas na área. Um trabalho que gera renda e inclusão destes produtores.

Comercialização

“Esse tipo de projeto, a gente desenvolve para esse público (produtores familiares). Lembrando que é uma cultura que é nicho de mercado e você tem que plantar já com uma empresa que vai te comprar”, diz Gil, salientando que, com a parceria da Embrapa, está em busca de uma empresa que firme contratos de compra com os produtores, semelhante ao modelo de negócios estabelecido com a cultura do gergelim. 

Assentados em Canarana colhem gergelim orgânico para o mercado japonês

O potencial da cultura, contudo, não está na produtividade, mas no valor agregado que o algodão colorido tem no mercado. O preço da arroba da pluma é em torno de 20% superior ao do algodão branco e pode ser ainda mais elevado (superior a 20%), usando das técnicas agroecológicas, que envolvem uma série de práticas, que vão desde a redução do uso de agroquímicos, a rotação de culturas, até a reciclagem de resíduos de origem orgânica.

Na região nordeste do país, o algodão colorido já é bem estabelecido entre agricultores familiares e a colheita ocorre manualmente. Já no Médio Araguaia a intenção é adaptar para a região, grande produtora de grãos. “Já há 8 pequenos produtores interessados. A gente está contente com esses materiais aqui, e nós conseguimos produzir tranquilo 300@/ha, utilizando inclusive um sistema de colheita mecanizada”, finaliza Gil, salientando que o objetivo é locar uma colheitadeira e usá-la de forma partilhada.

Por AGRNotícias.

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