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Produtores de soja mantêm cautela nas vendas e temem problemas em cadeia

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Os produtores do Vale do Araguaia, leste de Mato Grosso, estão cautelosos na hora de negociar a safra de soja. Dois fatores explicam o comportamento: custos elevados e as cotações abaixo da expectativa. Em consequência, o ritmo lento das vendas também leva a preocupações com a armazenagem na hora da colheita.

Marcos da Rosa – vice-presidente da Famato; Foto – AGR.

O agricultor Marcos da Rosa, que tem propriedade em Canarana, por exemplo, aguarda a regularidade da chuva para garantir o bom desenvolvimento da lavoura. Contudo, seu maior desafio é o de garantir rentabilidade. “Não vendemos nada, o que é uma grande preocupação, e os preços que se apresentaram até o momento pagam os custos de produção, mas não tem renda líquida”, conta.

Ele acredita que, pelo histórico do mercado e devido à falta de grãos existente no planeta atualmente, os preços deveriam estar melhores. “Isso não aconteceu, então estamos nesse aguardo. É como um jogo de truco, uma variação, uma hora sobe o bushel, outro dia cai o dólar, depois sobe o dólar e desce o bushel”.

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Desistindo dos negócios

Em Nova Xavantina, também tem agricultor fazendo as contas antes de concluir as primeiras vendas da safra que ainda está sendo cultivada. O produtor Jones Mantelli já recebeu algumas propostas, mas na hora de fechar o negócio, acabou desistindo. “O valor [oferecido] quase chegou na expectativa que eu tinha, mas o prazo e pagamentos das empresas estão muito fora, em torno de 60 dias e isso, para a gente aqui, não está sendo viável comercializar”.

A situação é bem diferente da do ano passado, quando nesta mesma época, o agricultor já tinha negociado metade da produção. “Não é satisfatório, não fecha custo, não fecha prestação de máquinas. Agora é esperar, virar o mês para ver o que acontece, tentar uma comercialização daqui para o final do plantio, alguma coisa tem que comercializar”, desabafa.

O presidente do Sindicato Rural de Nova Xavantina, Endrigo Dalcin, corrobora a percepção do produtor. “Aqui no município muito pouco foi vendido. Eu mesmo vendi zero por cento da safra. Estamos esperando uma oportunidade de câmbio, ou de Chicago. Vamos ver como é que fica para frente, principalmente o equilíbrio da receita e despesa. O produtor está com um custo bem alto, comprou o fertilizante, defensivos agrícolas e sementes no preço mais alto, ou seja, é uma safra bastante cara em que os preços não estão como estavam na safra 21/22, então a gente tem que se adaptar a isso”.

Todo esse cenário faz com que outra preocupação recorrente na região, principalmente na época da colheita da safra, se intensifique: a carência de armazéns. “Se você não tem nada vendido para retirar dos armazéns, eles vão encher e a gente não vai ter onde colocar essa soja, já que nós temos só 50% da capacidade de armazenar a safra aqui, e isso é muito mais grave do que não ter preço. No ano passado, paramos a unidade aqui no município por dez dias por falta de caminhões para retirar a soja que já estava vendida e isso causou sérios problemas a vários produtores que não conseguiram dar sequência na colheita”, exemplifica Dalcin.

Por Victor Faverin/Canal Rural.

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