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No Estado com maior prevalência de brucelose, novas estratégias de controle são desenvolvidas

Com histórico de inexpressiva redução de casos de brucelose em bovinos na chamada região 3 de Mato Grosso, que engloba os municípios do Médio Araguaia, o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso) está visitando propriedades com mais de 200 matrizes, orientando os produtores rurais quanto às novas estratégias de controle da doença. A doença pode ser a próxima barreira sanitária nas exportações de carne.

Em um levantamento realizado em 2002 em Mato Grosso, quando a vacinação ainda não era obrigatória, 10,2% das fêmeas do rebanho do estado e 41,2% das propriedades acusavam positivo para brucelose. O mesmo estudo foi repetido em 2014, após 12 anos de vacinação das bezerras de 3 a 8 meses com a vacina B19, e esse número caiu para 5,01% e 24% respectivamente. Contudo, quando analisado o resultado dos dois levantamentos, a região 3 do Estado, compreendendo leste e nordeste, que engloba municípios como Cocalinho, Canarana e Confresa, não apresentou diminuição significativa, sendo que em 2014, ainda 7,2% do rebanho era positivo para a doença e 34% das propriedades com a prevalência de ao menos um caso.

A fiscal do Indea, Renata Tiarini, explica que “ainda não se sabe o porque dessa região não apresentar diminuição do casos. Mas, como medida, foi criado um comitê consultivo de brucelose, na junção de vários entes e entidades do Estado, que desenvolveu novas estratégias para controle da doença”. A brucelose é uma zoonose, podendo ser transmitida ao ser humano, sendo uma infecção causada por uma bactéria, que nos animais pode causar esterilidade e aborto, gerando prejuízos ao produtor. 

As novas estratégias não são compulsórias, ou seja, não é obrigatório que o produtor faça a adesão à elas. O produtor adere de acordo com a realidade da propriedade. Em Canarana, por exemplo, 101 propriedades com mais de 200 matrizes serão visitadas e em Gaúcha do Norte-MT, 98 propriedades. Nas visitas, o Indea entrega uma cartilha ao produtor e passa instruções de manejo.

A vacina só cobre 70% do rebanho, a bactéria é resistente e em condições favoráveis, pode ficar até 7 meses no ambiente. Para tentar evitar que um único animal contamine outros, portanto, uma das estratégias de controle evidencia o descarte dos animais infectados. O frigorífico não tem obrigatoriedade de aceitar estes animais. Se aceitar, ele é abatido por último e todas as medidas de segurança alimentar e em relação a segurança dos funcionários serão tomadas. A bactéria é transmitida pelo sangue do animal, mas não é transmitida pela carne, podendo, na ausência de lesões indicativas, a carne do animal ser consumida, sem passar por processos térmicos dentro da indústria.

Nova Barreira Sanitária

A febre aftosa, que é barreira sanitária para exportação, já não é mais considerada uma doença em controle e sim em erradicação, sendo que em Mato Grosso, não há caso positivo a 23 anos. “A preocupação é a seguinte: Vai se retirar a vacinação de febre aftosa e ela não será mais uma barreira sanitária. Nossa última etapa de vacinação para esta doença é novembro do ano que vem. E então, a próxima barreira sanitária provavelmente será a brucelose. Portanto, é importante que o produtor rural faça a adesão à essas estratégicas”, conclui Renata, salientando que no atual cenário, se já houvesse uma barreira sanitária, as exportações seriam afetadas.

As novas estratégias

1 – Para bezerras de 3 a 8 meses, existe a opção de vacinação além da B19, da RB51. Realização da vacinação de cobertura utilizando a vacina RB51 para novilhas e vacas.

2 –  Realizar exames em animais com sintomas e descarte os animais positivos (seguindo normas sanitárias). A propriedade não é interditada.

3 – Na aquisição de novos animais para a propriedade, exigir o exame negativo para brucelose. Para maior segurança, manter as matrizes adquiridas em quarentena antes de misturá-las ao rebanho.

Por AGRNotícias.

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