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Aquecimento Global: Mito ou Realidade? – Evento da Aprosoja abordou o assunto em Nova Xavantina – MT

Assunto polêmico, que converge em várias discussões no meio acadêmico e fora dele, o aquecimento global foi tema de uma palestra do meteorologista Ricardo Felício, nesta terça-feira (15/10) no campus de Nova Xavantina – MT da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso).

Ricardo, que é bacharel em meteorologia e doutor em geografia física (área de climatologia antártica) pela USP (Universidade de São Paulo), palestrou para acadêmicos e professores da instituição. O evento “Aquecimento Global: Mito ou Realidade?” faz parte do Circuito Universitário 2019, realizado pela Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho) entre os dias 14 e 31 de outubro em vários municípios do Estado. 

A palestra era direcionada para acadêmicos do curso de agronomia, com objetivo de colaborar na formação dos estudantes. O Auditório da Unemat lotou, a ponto de presentes terem de acompanhar o evento pelo lado de fora. Além dos estudantes de agronomia, também foi registrada a presença de estudantes de outros cursos, professores, pesquisadores e interessados no assunto. O tema abordado divide opiniões e ao final da palestra ocorreram discussões. A reportagem da AGR Notícias esteve no local e acompanhou os debates.

A palestra

Conforme defende o palestrante, a “evidência de que existe aquecimento global e de que o mesmo é provocado pelo ser humano, é falha! A pergunta é: o CO² controla a temperatura? Em nenhum momento da história isso aconteceu [dióxido de carbono controlar a temperatura]”, disse o professor, esboçando que em períodos interglaciais a temperatura já chegou a ser entre 6C° a 10C° maior do que  a média atual, com bem menos CO² na atmosfera.

“O CO² é mais forte do que o sol, os oceanos e os vulcões?”, questionou o palestrante. Segundo Felício, através de ciclos o sol aumenta sua atividade. Segundo ele, foi o que aconteceu nos últimos anos. Além disso, a lua e a quantidade de nuvens também influenciam na temperatura. Porém, ele contesta que a temperatura média da terra tenha subido 2Cº. Pelos seus cálculos, houve um aumento de 0,01%. “Estão fazendo alarde sendo que o aumento foi de 0,01%, ou seja, não houve aumento”, disse.

O palestrante salientou a mudança na denominação de “aquecimento global” para “mudanças climáticas”. “Se faz calor, é mudança climática! Se não chove, é mudança climática! Se chove, é mudança climática! Se tem neve, é mudança climática! Então tudo é mudança climática e eles sempre estarão certos”. Porém, disse o doutor, os defensores da teoria do aquecimento não conseguem prever o clima para o ano seguinte em alguma região do planeta. Conseguem, apenas, fazer previsões para daqui a 100 anos.

Interesses Geopolíticos 

Para o professor Ricardo, o principal interesse em uma manipulação dos dados sobre o clima é de países desenvolvidos que querem travar o desenvolvimento do Brasil por conta de suas riquezas naturais. “Querem cessar os direitos civis, aumentar impostos (taxar a emissão de carbono), controlar as formas de produção, deixando o Brasil sem energia, sem tecnologia, insolvente {…} O Brasil preserva quase 50% de todo seu território e utiliza apenas 7,8% de lavouras para alimentar 1,5 bilhão de pessoas”, disse o palestrante, acrescentando que mesmo se o carbono fosse responsável pelo aquecimento, o Brasil é responsável por apenas 1% das emissões mundiais, sendo, todavia, muitas vezes taxado como o vilão pelos países ricos.

Agricultura no Médio Araguaia

Em entrevista para a AGR Notícias, Ricardo Felício disse que o planeta entrou num período de resfriamento, em que as temperaturas tendem a cair mais ao norte e ao sul do globo, prejudicando a agricultura nesses locais. “Já onde o continente é mais largo, na América do Sul, é na parte tropical. Ela meio que se preserva quando tem um resfriamento. Nossa agricultura de certa forma, para áreas tropicais, está mais preservada do que o pessoal do hemisfério norte, que estão muito mais suscetíveis a variações para o frio”.

Aprosoja 

Conforme Lucas Costa Beber, diretor administrativo da Aprosoja-MT, desde criança ele lembra que a mídia sempre atacou a agricultura brasileira. “Atacando a nossa sustentabilidade, mesmo o Brasil sendo um modelo para o mundo {…} Nós temos hoje muitos mitos, muitas inverdades que falam sobre aquecimento global e nesse circuito a gente traz dados comprovados cientificamente. Então, como se diz, contra fatos não há argumentos. Queremos reacender esse patriotismo, porque nós somos atacados pelos outros países. Então temos que defender ao invés de acusar a nossa agricultura”.

O produtor rural Artêmio Antonini, delegado do núcleo da Aprosoja de Nova Xavantina, disse que só acredita naquilo que foi pesquisado e provado. “Sou contra ideologia, que é mais uma questão política que não tem nada a ver com ciência. Se o professor trouxer dados científicos, ótimo, vai derrubar muitas ideias. Por exemplo, tem um grupo aqui da faculdade que é contra a hidrovia, porque diz que seca o rio, mas são afirmações sem cunho científico”.

Opinião

Para o Mestre Sidnei Bispo, professor do Institucional MT de Pós-graduação (IMP), historicamente o planeta sempre teve mudanças. “Às vezes algumas abruptas e outras que dependiam de muito tempo para serem sentidas. Claro, quando o homem entra numa área de forma intensa, como a gente vê em algumas regiões, pode ter uma variação a nível de microclima. Mas se tratando da questão de variação global de temperatura, isso é uma coisa muito mais ampla. Não é uma situação só relacionada a nós, produtores do interior do brasil. É um tema muito complexo pra gente condenar e colocar a responsabilidade para nós produtores”.

Discussões

Discussões acaloradas permearam o final do evento, com manifestações favoráveis e contrárias ao palestrante. Houveram reclamações de ambos os lados, ao ponto do evento ter de ser encerrado, gerando mais discussões entre aqueles que queriam se posicionar. Em determinado momento, até a coordenação do campus se fez presente para apaziguar os ânimos.

Da redação, de Nova Xavantina, para a AGR Notícias.

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