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Soja In’Técnica testa 70 cultivares e auxilia produtor de Querência-MT a colher mais de 80 sacas

Produtores acompanham explanação técnica durante o evento

Até poucos anos, boa parcela do aumento da produção de soja em Mato Grosso, campeão nacional da oleaginosa, se dava principalmente pelo aumento da área plantada. Com as áreas de pastagens propícias a serem transformadas em lavouras diminuindo em todo o Estado, a alternativa para os produtores aumentarem a produção é melhorando a produtividade. Conforme o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), as lavouras continuam crescendo, porém, em percentuais pequenos. Foi de 1,14% a mais no atual ciclo em relação à safra 2018/19.

Para elevar a produtividade, o sojicultor precisa investir em tecnologia e escolher os melhores materiais que se adaptam à realidade de suas terras. Com a colheita da safra 2019/20 apenas no início, os produtores começam a decidir que variedades irão plantar na safra 2020/21. E com o objetivo de auxiliar o agricultor na tomada de decisão, aconteceu durante esta sexta-feira, 24/01, na Fazenda Londrina, em Querência-MT, a 7ª edição do Soja In’Técnica. O evento é de categoria técnica e exclusiva para a cultura da soja, com a presença de empresas do ramo de fertilizantes, sementes e implementos.

O sócio proprietário da Rural Técnica, realizadora do evento juntamente com o Sindicato Rural de Querência, Tiago Fernando Konageski, disse que Soja In’Técnica apresentou aos produtores mais de 70 tipos de cultivares de soja, numa área de 77 hectares, com a participação de 36 empresas do ramo. “São todas conduzidas de formas iguais pra ver o diferencial de cada uma. A gente diz que não existe cultivar ruim, mas ela pode estar mal posicionada pelas empresas e aqui a gente faz um assertivo para que o produtor possa chegar na sua fazenda e colher 80 sacas de soja por hectare. A gente brinca aqui, pra não ficar brincando na lavoura do produtor”.

Para Konageski, o potencial de uma variedade de soja chega a até 130 sacas de soja por hectare, potencial que vai se perdendo por escolhas erradas e outros fatores. “Tem cliente nosso que fechou talhão nesta safra com 84,5 sc/ha, com manejo de solo, agricultura de precisão, cultivar, análise de perfil de solo, manejo de fungicida e inseticida, dessecagem, ou seja, recomendações certas pra nossa região. Toda soja tem potencial de 120 a 130 sacas, só que vai se perdendo no processo, então tem que tratar ela com carinho e dar todas as condições para que possa chegar nos 90 sacos. Esse é nosso objetivo”, disse.

Tiago Fernando Konageski

O presidente do Sindicato Rural, Osmar Frizzo, ressaltou que muitos materiais vinham de outras regiões e eram plantados em Querência sem serem antes testados no município, realidade que mudou com o Soja In’Técnica. “O intuito é esse, testar materiais e como se adaptam aqui em Querência. Porque os materiais utilizados em Água Boa-MT ou Canarana-MT, não se adaptam aqui, porque o clima é diferente, as terras são um pouco diferentes. Então os produtores dão muito valor neste evento para tomar as decisões para a próxima safra”.

Frizzo disse que o clima está ajudando, o que aliado com investimento e conhecimento, estão trazendo boas médias em alguns talhões já colhidos no município. “Com tecnologia e conhecimento e ajuda do clima, estamos vendo talhões sendo colhidos em Querência com até 80 sacas de soja por hectare. Com as dificuldades em aumentar a área, a solução é aumentar a produtividade da soja e conseguir fazer duas safras. Hoje Querência já planta 60% da área com milho safrinha, mas acredito que com materiais de soja precoce e de boa produtividade, vamos chegar a 100% da área ocupada com safrinha, porque não adianta plantar duas safras se a produtividade não for boa”.

Osmar Frizzo (E) juntamente com o delegado do núcleo da Aprosoja em Querencia – Gilmar Wentz

80 sacas com pivô

O produtor Olimar Schneider, plantou juntamente com seu irmão, 1.800 hectares de soja na atual safra em Querência. Em entrevista para a AGRNotícias, ele disse que a produtividade nos primeiros talhões varia de 60 a 80 sc/ha, com os melhores resultados sendo alcançados nas áreas de pivô (irrigação). “A produtividade neste ano está acima da nossa expectativa, maior do que nos outros anos, com média de 76 sc/ha do que foi colhido até agora, tendo em alguns talhões, onde tem pivô, com produtividade de mais de 80 sc/ha, onde tem também mais investimento em tecnologia e adubação”.

E acrescenta: “Nossas terras estão bem corrigidas e a gente sempre participa desses dias de campo para buscar mais informações e conhecer as novas tecnologias para agregar lá na fazenda. Nós temos caixa para aumentar ainda mais a produtividade nos próximos anos, com materiais novos chegando, investimento em fertilidade, novas tecnologias. Tem potencial, em Querência nossas terras são responsivas, o que você investe, você consegue retorno. E com duas safras, a palhada de milho ajuda muito”, disse Schneider, alertando, porém, que o custo com os investimentos também aumenta e é preciso manter o equilíbrio.

Olimar Schneider

Palestras

O Soja In’Técnica contou também com palestras. Uma delas foi com João Augusto L. Pascoalino, Engenheiro Agrônomo, Mestre pela UFPR e Doutor pelo James Hutton Institute da Ucrânia. Pascoalino atualmente é coordenador técnico de Pesquisa do CESB – Comitê Estratégico Soja Brasil, iniciativa que nasceu no ano de 2008, fruto do comprometimento de profissionais que buscam aumentar a produtividade da soja. O CESB organiza o Desafio de Máxima Produtividade, que conta com centenas de participantes que buscam colher mais de 80 sacas por hectare.

Texto e fotos – Rafael Govari para a AGRNotícias.

Pavilhão onde aconteceram as palestras

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