Ir para o conteúdo

Produtor de tomates alvo de solidariedade perde produção para as pragas

Um produtor de Água Boa – MT,  que em junho viu parte de sua produção de tomate começar a estragar sem conseguir vender, e que, após divulgação na mídia, presenciou uma onda de solidariedade, com pessoas adquirindo seus produtos, conta que uma praga atingiu seus tomateiros.

Manoel Moreno de Mello notou a presença da “traça do tomateiro” nas plantas, cerca de três semanas após a ação de solidariedade. O produtor esperava colher os frutos por cerca de 70 dias, mas a praga destruiu a expectativa. Tendo plantado cerca de 1.200 pés de tomate e esperando colher ainda 600 a 700 caixas da fruta, Manoel avalia que a perda da produção foi de 80%.

Produtor de tomate de Àgua Boa não encontra mercado e pode perder 17 mil kg da fruta

Produtor de tomate, após apelo, consegue vender parte da produção

Mello conta que solicitou de imediato apoio técnico da Empaer (Empresa mato-grossense de pesquisa, assistência e extensão rural). Ele disse que foi trazida uma vespinha, inimiga natural da traça e introduzida no tomateiro.

produtor com pe de tomate em agua boa - foto inacio roberto

Produtor Manoel de Mello, quando ainda tentava vender sua produção, sem o ataque da traça.

O Extensionista Rural da Empaer em Água Boa, Alison Lucas Lorenzon, confirmou que primeira iniciativa foi contra-atacar a praga com uma vespa chamada Trichogramma, graças a contatos do extensionista com uma ex-professora de Faculdade de Campo Verde/MT. Porém, a praga já tinha se alastrado de forma incontrolável.

A vespa ataca os ovos da traça, mas demora alguns dias para o controle natural. No caso específico, as larvas já estavam causando prejuízos aos tomateiros. As larvas atacam a planta e os frutos. Já a traça na fase adulta se torna uma mariposa de mais difícil controle, o que inviabilizou o salvamento dos tomateiros.

Alison afirmou que nem a aplicação de inseticidas conseguiu salvar a safra. O produtor teve que transferir sua horta para outra propriedade e começar a produção do zero, com todo o investimento necessário. Segundo a recomendação dos agrônomos da Empaer, o aconselhado é evitar plantar tomateiros na mesma área infestada por pelo menos 5 meses, como forma de eliminar a traça.

A praga

A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é uma das principais pragas que afetam a cultura do tomate. Ela aparece especialmente em períodos mais secos, e é responsável por causar danos significativos nas plantas (desde às folhas até os frutos), podendo acarretar em enormes prejuízos econômicos aos horticultores. Sua presença também afeta a sanidade dos materiais, uma vez que o ataque da traça pode facilitar a contaminação por patógenos. Para evitar a praga, produtores devem ficar atentos aos menores indícios de seu aparecimento, evitando e controlando proliferação o quanto antes.

Os adultos da traça do tomateiro são pequenas mariposas que apresentam uma coloração acinzentada e cerca de 10mm de comprimento. Devido ao cheiro das cultivares do tomate, são atraídas para ambientes abertos e até mesmo estufas. Apesar de o ambiente protegido (estufas) apresentar vantagens em relação a entrada de pragas, quando a traça se instala em uma estufa encontra as condições perfeitas para se reproduzir, podendo ter o ciclo encurtado (de 30 para 20 dias), o que exige uma ação ainda mais rápida dos horticultores. Entretanto, a vantagem do ambiente fechado é a facilidade no monitoramento e controle da praga, já que a possibilidade de surgirem novas traças adultas é menor.

As traças se proliferam rapidamente, em um ciclo de cerca de 20 a 30 dias. Ao longo do dia, as traças adultas se escondem nas folhas do tomateiro ou de cultivares hospedeiras, e nos períodos de manhã e fim de tarde (mais frescos) acasalam e depositam os ovos nas cultivares. Cada fêmea pode depositar de 55 a 130 ovos durante 3 a 7 dias.

Eles são depositados principalmente nas folhas do terço superior da planta, mas também podem ser encontrados nas hastes, flores e frutos. Possuem formato arredondado e coloração amarelada, mudando para marrom quando estão próximos de eclodir, fenômeno que ocorre de três a cinco dias após a postura.

Por Inácio Roberto, para a AGRNotícias.

Deixe uma resposta

Role para cima