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Mato Grosso é o estado com menor porcentagem de capacidade de armazenagem estática de grãos

Em anos com muitas chuvas no período da colheita, os problemas com a falta de armazéns vem à tona no Estado de Mato Grosso. A preocupação com esse entrave na colheita começa já no período do plantio. O produto é colhido com umidade superior ao recomendado e filas se formam em frente aos armazéns que atrasam a descarga pela necessidade de precisar secar os grãos. Nas regiões onde há falta de opções de armazéns, não é raro os produtores sofrerem ainda com descontos acima da média nas impurezas. 

Levantamento feito pela AGRNotícias junto à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), mostra que o Mato Grosso é o Estado com menor porcentagem de capacidade de armazenagem estática entre os principais estados produtores. Enquanto o Mato Grosso deve produzir quase 68 milhões de toneladas de grãos na safra 2019/20, possui atualmente uma capacidade de armazenagem de pouco mais de 37 milhões de toneladas (54%). Já os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, devem produzir 38 e 34 milhões de toneladas de grãos, respectivamente, mas possuem, ambos, capacidade de 29 milhões de toneladas de armazenagem estática, o que dá ao RS 85% e ao PR 78% de capacidade de armazenar o que produz.

Em entrevista para a AGRNotícias, o presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), Antônio Galvan, disse que, no mínimo, deveria existir a mesma capacidade de armazenamento do que se produz. “Mas o certo é ter a capacidade de 1.2. Por exemplo, se colhe 100 milhões de toneladas de grãos, o bom seria ter 120 milhões de toneladas de capacidade estática, sempre uma sobra de 20%, para você conseguir estocar de um ano para o outro, por várias razões. Em anos com muita oferta de produto e preços baixos, você consegue segurar o produto”.

O Mato Grosso ainda suporta a produção tendo como base que os caminhões também são utilizados como uma ferramenta de armazenagem. Para Galvan, há regiões do Estado onde há grande oferta de armazéns e grande capacidade de armazenamento. Porém, principalmente nas regiões com expansão de área, os problemas são maiores. “Tem lugares com várias opções para entrega, mas tem os locais, principalmente nas áreas de expansão, com poucos armazéns, aí pode dar problema na classificação de grãos, porque alguns se ‘provalecem’ nos descontos, mas o produtor não tem opções”.

Para o presidente, é importante a construção de mais armazéns comerciais no Mato Grosso, mas a Aprosoja defende que os próprios agricultores possam construí-los em suas propriedades. “Nós temos cobrado do Governo Federal a liberação de recursos para que o produtor possa construir o armazém em sua propriedade. Caso o produtor for pequeno, que se una com outros numa forma de associação, ou condomínio, ou pequenas cooperativas. Queremos um juro abaixo do que está sendo cobrado hoje, para poder aumentar a capacidade estática dentro das propriedades, porque o produtor vai pagar menos frete, visto que temos em muitos lugares estradas ruins”.

A AGRNotícias também fez um levantamento nos principais municípios produtores do Vale do Araguaia. Em Querência-MT, maior produtor de grãos da região, a previsão é colher na safra 2019/20, 1.2 milhão de toneladas de soja, quase a mesma quantia da capacidade de armazenagem estática. O município tem 40 armazéns com capacidade para 1.224.727 mi/T. Porém, vale lembrar que existem outras culturas, como milho, gergelim, feijão. Canarana-MT, o segundo maior produtor, tem previsão de colher mais de 800 mil toneladas de soja e possui capacidade para 772.140 mil/t em 25 armazéns, ou seja, não há espaço nem para a soja, fora as demais culturas. Confira a tabela de capacidade de armazenamento dos demais municípios produtores da região.

Por AGRNotícias.

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