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Caramujo causa morte de plantas recém-nascidas de gergelim no Médio Araguaia

 

Plantando a maior safra da história de gergelim do Brasil, produtores do Médio Araguaia, em Mato Grosso, região com maior produção nacional do grão, estão enfrentando um caramujo que mata os pés de gergelim recém-nascidos. Por ser uma praga sem grande incidência na região, o seu controle também era desconhecido. 

Um dos produtores afetados é Darlei Pedro Goldoni, que, em entrevista para a AGRNotícias, disse que plantou 260 hectares do grão em Canarana. Conforme Darlei, há sete anos eles tinham percebido uma grande quantidade de caramujo na lavoura de soja, mas sem perdas. Nesta safrinha, foi diferente. “Uma área de 100 hectares de gergelim, com 20 dias de plantio, foi atacada por caramujos. Eles matam a planta e fica parecendo que deu 30 dias de seca. Onde tinha 30 plantas por metro quadrado, ficam 10 plantas”.

Histórico

Conforme o engenheiro agrônomo Arcenildo Sonza Junior, que presta assessoria agronômica para produtores na região, o molusco é facilmente encontrado nas lavouras, mas tem maior incidência em anos chuvosos e em áreas com bastante material orgânico. Foi o que aconteceu na safra 2018/19 em uma fazenda que cultiva quase 10 mil hectares de soja em Canarana-MT, assessorada pelo agrônomo. “Na safra de soja passada, eu vi na lavoura algumas reboleiras de caramujo, mas a gente vê direto os caramujinhos na lavoura e, por isso, ficamos de olho, mas não aplicamos nada”.

Porém, o problema apareceu na safrinha seguinte (2019). “Na safrinha a gente plantou crotalária, deu umas lagartas nessa crotalária e a gente aplicou. Geralmente na safrinha, essas culturas alternativas, a gente não dá muita bola, bota lá e fica por lá. Mas um dia eu vi aquela crotalária sumindo. A hora que eu parei para olhar, os caramujos estavam moendo essa crotalária. Aí eu fui atrás para saber o que controlava, mas nada funcionou”.

Assim como foto da capa, imagem mostra caramujo atacando lavoura de crotalária em Canarana-MT na safrinha 2019; Foto – Arcenildo Sonza Junior.

Controle

O engenheiro, na oportunidade, se lembrou de uma visita que tinha feito a um amigo há alguns anos, que planta na divisa dos estados de São Paulo com Paraná, que havia falado sobre o controle do caramujo. “Esse amigo me falou que controla com um uma isca granulada, com princípio ativo metaldeído a 5%. A gente comprou uma isca pequena, porque o caramujo que a gente tem aqui é o pequeno. Essa isca não resiste à chuva, mas funcionou muito bem. Usamos um equipamento que o pessoal usa também pra jogar semente de capim”. O controle foi feito em mil hectares de crotalária.

Já prevendo que a praga voltaria na safra de soja 2019/20, Junior disse que a fazenda comprou o produto e deixou em estoque, mas que não foi preciso utilizar. “Tivemos caramujo nesta safra de soja, mas com pouca incidência. Agora na safrinha, também vimos caramujo no milho, no gergelim e na crotalária, com alguns estragos, mas não na mesma proporção que tinha na lavoura de crotalária na safrinha passada. Por isso, por enquanto optamos por não aplicar o produto que temos em estoque”.

Em um grupo de aplicativo que congrega produtores de culturas alternativas do Médio Araguaia, o engenheiro agrônomo tem repassado essas dicas diante do manifesto de agricultores, que têm relatado ataques de caramujos em suas lavouras de gergelim, com o combate ainda desconhecido da maioria dos produtores.

Darlei Goldoni, na tentativa de interromper o ataque do molusco, contou que tentou adquirir a isca granulada, mas que não encontrou no mercado. Quando encontrou, levaria de 15 a 20 dias para chegar, o que seria tarde demais. Então foi sugerido um inseticida, que custou 30 reais por hectare a aplicação, mas sem efeito algum. Porém, ele viu que o que sobrou de plantas, parou de morrer. “O caramujo mata a planta quando ela está entre 5 e 15 cm, quando é fatal. Depois disso, ele não mata mais”.

Por AGRNotícias.

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