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Frustração na produção do algodão orgânico não desanima assentados em Canarana

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A agricultura vive de ciclos. Anos com boas colheitas e bons preços e anos em que o clima não colabora ou os preços despencam. É preciso ter resiliência, algo que os assentados do PA Suiá têm para continuar apostando na cultura do algodão orgânico, que teve uma safra frustrada por conta dos altos volumes de chuvas. A AGR foi até o assentamento, que fica no interior de Canarana-MT, para entender o que aconteceu.

Assentada Marcia Leite; Foto – AGR.

O plantio do algodão orgânico foi possível graças a uma parceria envolvendo Empaer, Secretaria Municipal de Agricultura, cooperativa Cooperportal e a empresa compradora Farfarm. Os assentados receberam todos os insumos a custo zero, além da assistência técnica. Eles entraram com a terra e mão de obra.

A previsão inicial é que pudessem produzir até 165@ por hectare. No PA Suiá, foram plantados 10 hectares, sendo um hectare por família. Por não utilizar produtos químicos, seu valor de mercado é superior, vendido para empresas que possuem uma ‘pegada ecológica’. A expectativa é que a renda ultrapassasse os 30 mil reais por família.

Além de Canarana, essa ideia foi levada para outros 11 municípios do Médio Araguaia, totalizando uma área de mais de 30 hectares na região. Voltado para pequenos produtores, seria uma alternativa para gerar renda e incentivar que essas famílias, principalmente os mais jovens, permaneçam na terra, combatendo o êxodo rural.

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Porém, as intensas chuvas que caíram acima da média em todo o Mato Grosso nos primeiros meses do ano, prejudicaram o desenvolvimento do algodão. No PA Suiá, as lavouras foram plantadas em fevereiro. Com a chuvarada, mais de 90% foi perdido e o que restou teve uma produtividade muito pequena, mas não que desanimasse os assentados.

Márcia Leite começou a colheita, que é feita manual, no dia 15 de maio. Ela pretende terminar até o final desse mês de junho. Na área plantada restaram poucos pés. Mesmo assim, se negou a abandonar a lavoura. Ela estima colher apenas 50 kg, o que vai lhe dar uma renda inferior a mil reais, o suficiente para voltar a plantar no ano que vem.

“Não é porque o primeiro plantio não deu muito certo que a gente vai desistir. É assim que começa né? No próximo ano a gente vai colher melhor. Eu tô animada”, disse Márcia.

Algodão

O algodão, desde o orgânico, bem como o convencional, está crescendo na região. Somente no município de Canarana, na atual safra foram plantados mais de 14 mil hectares. Ainda é uma cultura nova, que está sendo adaptada e que traz algumas frustrações nos primeiros anos. Mas a resiliência do produtor rural, do pequeno ao grande, está consolidando o algodão como uma boa alternativa de renda.

Lavoura de algodão convencional, cultura que está em crescimento em Canarana; Foto – AGR.

Por Rafael Govari para AGRNotícias.

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